Chiquinho da Mangueira usou propina de Sérgio Cabral para realizar desfile da escola de samba, diz delator
O deputado Chiquinho da Mangueira (PSC), preso nesta quinta-feira (8) , pediu dinheiro de propina da organização criminosa comandada por Sérgio Cabral (MDB) para realizar o desfile da verde e rosa, da qual é presidente. As informações constam no pedido de prisão feito pelo Ministério Público Federal (MPF).
A revelação foi obtida na delação de Sergio de Castro Oliveira, o Serjão. Ele era braço financeiro da organização criminosa de Cabral, pagando as vantagens indevidas aos parceiros da quadrilha.
Segundo ele, "perto de um carnaval", Chiquinho recebeu R$ 200 mil para "realizar o desfile da escola de samba Estação Primeira de Mangueira naquele ano". O valor era uma parcela de um total de R$ 1 milhão pago ao parlamentar.
Chiquinho foi eleito presidente da escola de samba em abril de 2013. O primeiro carnaval realizado sob sua gestão seria o do ano seguinte. Segundo o MPF, entre dezembro de 2013 e fevereiro de 2014, ele recebeu seis pagamentos de R$ 500 mil, num total de R$ 3 milhões. Em depoimento, Serjão afirmou que os pagamentos ocorreram por ocasião do carnaval.
Além disso, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou nove movimentações financeiras consideradas atípicas envolvendo Chiquinho. Todas elas envolviam a escola de samba, o Instituto Mangueira Esperança e a mãe do parlamentar, que, segundo Serjão, não sabia da ilegalidade das ações.
A Polícia Federal prendeu 20 pessoas em um desdobramento da Operação Lava Jato na manhã desta quinta-feira (8). Dos 22 mandados de prisão, 10 são contra deputados estaduais do Rio de Janeiro - ou um sétimo da Alerj.
As investigações apontam que os envolvidos recebiam propinas mensais que variavam de R$ 20 mil a R$ 100 mil - além de cargos - para votar de acordo com o interesse do governo. O esquema teria movimentado pelo menos R$ 54 milhões, segundo a PF.