Ferries abandonados na Bahia geram gasto anual de R$ 140 mil; uma das embarcações está inoperante há 20 anos
Duas embarcações que faziam parte do sistema ferry boat, que faz a travessia entre Salvador e a Ilha de Itaparica, estão abandonadas em uma marina na Baía de Aratu, em Simões Filho, região de metropolitana de Salvador. Cento e quarenta mil reais são gastos por ano pelo Governo do Estado para manter os ferries, que já são quase sucata, no local.
A embarcação Mont Serrat está fora de operação há 20 anos e tem a estrutura bastante comprometida. Já o Ipuaçu, está desativado há 5 anos e também já está sucateado.
No ferry Mont Serrat, os efeitos do tempo estão espalhados pelo casco. O aço está corroído e alguns buracos na estrutura estão aparentes. A vegetação cresce na estrutura de aço. Há sinais de infiltração por todo o navio e furos em toda parte do convés. Sempre na cheia da maré, o porão fica enxarcado.
"Está sendo feito um bombeamento 4h por dia. Mas, se esse bombeamento não for feito, ela pode afundar em menos de 24h. Em 18h. Com chuva, também, piora a situação, porque o convés dela não é estanque. Então, além da entrada de água pelas perfurações do casco, voc~e tem entrada de água também pelo convés", contou o engenheiro.
A equipe de reportagem da TV Bahia teve acesso ao interior da embarcação Ipuaçu. Na parte de dentro, no salão principal da embarcação, o cenário é de abandono. Cadeiras estão jogadas pelo chão, parte do teto desabou há muitos de coletes salva-vidas. Muitos deles nem foram usados, ainda estão dentro das embalagens, mas fora do prazo de validade.
Em 2011, depois de zarpar do Terminal de Bom Despacho, na Ilha de Itaparica, o Ipuaçu apresentou problemas e ficou à deriva por 40 minutos. Dois anos depois, foi desativado e encostado onde está até hoje. A promessa era de recuperar a embarcação para voltar a operar.
A Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba), responsável pela manutenção das embarcações, diz que vai regularizar a documentação dos dois ferries e leiloá-los.
No entanto, na avaliação do engenheiro naval Marcos Parahyba, o Mont Serrat não serviria nem mais para ser vendido como sucata. Ele explica que qualquer tentativa de rebocar o navio, pode fazer com que ele afunde.
"É lógico que precisa de uma análise um pouco mais detalhada, mas, visualmente, eu diria que ela não tem condição nem de ser rebocada daqui. A única possibilidade que eu vejo é ela ser cortada, desmontada, tirada os pedaços e ser removida para outro local", explica o engenheiro.
Normalmente, o sistema opera com cinco embarcações, de domingo a domingo, com saídas a cada uma hora. Os navios comportam pedestres e veículos. Em períodos de feriados prolongados ou datas festivas, como Natal, réveillon e São João, o intervalo entre as embarcações diminue e passa a ser de 30 minutos, para atender a demanda.