Para FGV, PIB crescerá 0,8% em 2017, mas retomada depende de ajuste fiscal
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE) revisou suas projeções para a economia brasileira após as divulgações de indicadores econômicos que indicam a retomada do crescimento. Agora, os pesquisadores projetam um crescimento de 0,8% do PIB [VIDEO] em 2017 e 2,4% em 2018 - antes, as previsões eram de 0,3% e 2,2% respectivamente. Os resultados foram divulgados no Boletim Macro de setembro que foi divulgado nesta terça-feira (26).
Para os pesquisadores, o crescimento econômico será liderado pelo consumo privado. A queda da #Inflação de alimentos, a melhora das perspectivas de crédito e a redução do endividamento aumentam o poder de compra das famílias brasileiras.
Além disso, o instituto vê a onda de otimismo iniciada pelo mercado financeiro e refletida nos indicadores econômicos (apesar da crise política) como uma boa notícia porque vai estimular o consumo e, eventualmente, o investimento, reduzindo, assim, a ociosidade da economia e elevando o emprego, melhorando o perfil das contas públicas e as finanças das famílias.
No plano doméstico, a aceleração da diversificação da produção acima do esperado, conforme os indicadores de atividade econômica divulgados nas últimas semanas, revelam que a economia brasileira teve uma performance acima das previsões do instituto.
"Tivemos um segundo trimestre relativamente bom, mas ainda dependente de fatores pontuais, como a liberação das contas inativas do FGTS, que permitiram um crescimento do consumo de 1,4% em relação ao primeiro trimestre, mas a tendência é que a recuperação se fortaleça", diz o relatório.
O boletim também destaca como surpresas o crescimento de atividades entre os diversos setores [VIDEO] no terceiro trimestre e a queda mais acentuada do desemprego, fatores que contribuem para um cenário mais favorável ao consumo. "Independentemente de ter sido o setor informal a liderar o aumento da população ocupada, a queda da taxa de desemprego - de 13,7% para 12,3%, entre o primeiro e o terceiro trimestre [previsão do IBRE] - representa um aumento de quase dois milhões de pessoas na população ocupada", diz o relatório.
Para os pesquisadores do IBRE, a queda dos alimentos influenciou bastante a desaceleração da inflação nos últimos meses, mas os níveis da taxa voltarão a subir inevitavelmente no próximo ano, uma vez que uma nova queda de preços de alimentos seja praticamente impossível. Por isso, o instituto acredita que a inflação nos próximos meses convergirá para a mediana das projeções da pesquisa Focus e que os números do próximo ano não ameaçarão o cumprimento da meta - fixada em 4,5%, com intervalo de tolerância de 1,5% para cima ou para baixo.
Considerando o crescimento dos setores, além do agropecuário no terceiro trimestre, o IBRE revisou sua projeção de crescimento trimestral de 0,1% para 0,3% e projeta um crescimento de 1,1%, excluindo o setor agropecuário, o que expressa uma diminuição da dependência do setor agro.
Contudo, o Brasil ainda precisa de fundamentos sólidos para reduzir seu prêmio de risco - o que, para o instituto, tem caído devido ao cenário global favorecer países emergentes atualmente. "Acreditamos na permanência, por um período prolongado, desse cenário externo favorável, com juros globais baixos, enfraquecimento do dólar e relativa pressão altista nas cotações de ativos reais, como commodities. Um cenário em que o Brasil continuará a ser amplamente beneficiado", diz o relatório. As projeções do IBRE para o crescimento do comércio global são de 4,5% em 2017, e 2,5% em 2018.
Para os pesquisadores, esse é o momento para o Brasil tentar fortalecer seus fundamentos e implementar os ajustes fiscais, já que a expectativa é de que a redução dos juros nominais (estimados em 6,5% do PIB em 2017 e 5,6% do PIB em 2018) tenda a diminuir o ritmo de crescimento da dívida pública, mas ainda não conseguirá estabilizá-la - não considerando a possível devolução de cerca de R$ 180 bilhões do BNDES ao Tesouro, o que para o IBRE, pode reduzir a dívida de 2018 em 1,4 ponto percentual do produto.
Se não implementar os ajustes, o resultado primário continuará apresentando déficits (de 2,4% e 2,2% do PIB nos mesmos anos), e demandando ajustes mais agressivos, visto que as estimativas para a dívida bruta pode alcançar níveis de 75% e 77,2% do PIB, segundo os pesquisadores. #financas #Crise econômica